Defesa dos acusados apresentou mais duas testemunhas.
Testemunho e sentença devem ser dados na próxima segunda-feira (21).
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(Foto:
Catarina Costa/G1)
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O
julgamento da morte de Gleison Vieira da Silva, delator do estupro
coletivo em Castelo do Piauí que foi espancado
até a morte dentro de uma cela do Centro Educacional Masculino
(CEM), foi suspenso. A sentença do inquérito seria dada nesta
quinta-feira (17), mas o julgamento teve uma nova data marcada porque
duas novas testemunhas serão apresentadas no processo.
De
acordo com o juiz Antônio Lopes, da 2ª da Vara da Infância e da
Juventude em Teresina,
a defesa dos menores solicitou ouvir mais duas testemunhas que irão
reforçar as teses apresentadas. A audiência deverá acontecer na
próxima segunda-feira (21), na sede da 2ª Vara, na Zona Sul de
Teresina.
“Foram ouvidas 10 testemunhas, mas duas novas
pessoas devem ser ouvidas e colaborarão no julgamento. É importante
ouvir essas pessoas para não haver dúvidas sobre o caso, por isso
atendi ao pedido”, disse o magistrado.
A
defensora pública Aline Patrício, que faz a defesa dos
adolescentes, explicou que foram apresentadas duas teses para a
Justiça: a primeira seria a de que o estado seria o co-responsável
pela morte do Gleison e a segunda é que os acusados estão desde o
início colaborando com a investigação e por isso merecem uma
medida socieducativa menor. “Apesar de eles terem assumido a
autoria do crime isso poderia amenizar na condenação já que eles
colaboram com as investigações”, contou.
Depois que a audiência acabou na sede da 2ª Vara
da Infância, os três jovens foram levados de volta ao Centro de
Internação Provisória (Ceip). O juiz Antônio contou ainda que,
mesmo após a sentença, os três jovens continuarão apreendidos na
unidade, e só serão transferidos para o CEM após a ampliação na
unidade socioeducativa.
O diretor da unidade de atendimento socioeducativo
da Secretaria da Assistência Social e Cidadania (Sasc), Ancelmo
Portela, que foi uma das 10 testemunhas ouvidas no processo, afirmou
que o Governo do Piauí já autorizou a reforma no Centro
Educacional. A mãe do Gleison que era testemunha de acusação, não
compareceu à audiência.
“Levei em consideração esse áudio que vai
contra a versão dada pelos garotos após a morte no CEM. Eles
alegaram ter cometido o homicídio porque são inocentes e o Gleison
quem os colocou nesta situação”, falou a delegada Thais Paz da
Delegacia do Menor Infrator.
Para a polícia, a morte do Gleison foi associada
por ele ter sido o delator do estupro e que havia um pacto entre eles
para que ninguém falasse nada. A delegada lembrou que antes da
transferência dos menores para o CEM, a vítima contou em depoimento
que estava sendo ameaçado pelos outros três adolescentes.
Durante a investigação, os três menores não
falaram se a morte de Gleison foi planejada e por isto aceitaram
dividir mesma cela.
Defesa dos acusados
A
defensora pública Alynne Patrício revelou que apresentou duas teses
na defesa dos suspeitos. Segundo ela, a primeira teoria é que o
estado também é responsável pelo fato e a outra é que os
adolescentes colaboram desde o inicio com a investigação.
Os três nunca deveriam ter sido colocados
na mesma cela que o Gleison. Desde o início, eles alegam inocência
e a justiça sabia do risco de deixá-los juntos. Agora, sobre a
confissão no assassinato do Gleison, vou colocar isso para conseguir
uma redução da pena”,comentou.
Gleison cumpria medida socioeducativa por
participar do
estupro
coletivo de quatro meninas em Castelo do Piauí. Ele e mais três
adolescentes foram condenados pelo crime. Após a morte do
adolescente, os outros três menores culpados pelo estupro coletivo
foram retirados do CEM e agora estão no Centro de Internação
Provisória (Ceip). Eles foram condenados a cumprir três anos de
internação por participação no estupro coletivo e estavam juntos
no mesmo alojamento quando Gleison foi agredido e morto.
Laudo cadavérico
O resultado
do laudo cadavérico no corpo de Gleison Vieira mostrou que ele foi
morto a socos e pontapés. “A vítima faleceu em decorrência de
traumatismo craniano, provocado por uma ação contundente. O que
para a gente quer dizer um espancamento. Não houve a utilização de
nenhum outro instrumento. Apenas socos e pontapés”, afirmou Thais
Paz.
A investigação que apura a morte de
Gleison Vieira da Silva, de 17 anos, será acompanhada de perto pela
Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério
Público (CIJ/CNMP). Em despacho, o conselheiro e presidente da CIJ,
Walter de Agra, afirmou que a vítima foi colocada no mesmo
alojamento com outros três adolescentes que já tinham feito ameaças
contra Gleison. A intenção é apurar se houve negligência ao
colocar todos o envolvidos na mesma cela.
Do G1pi.com