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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Confesso que sofri

            Nos tempos de criança me imaginava um adulto feliz, no sentido mais amplo do adjetivo: emprego, casa, carro, família estruturada enfim, todos esses atributos que podem por assim dizer, fazer uma criatura feliz. Não posso reclamar da vida, ela tem sido generosa. Enquanto meus irmãos passaram fome, eu apenas sofri privações, enquanto eles conheceram ainda infantes o árduo laboro braçal, eu me vi envolto aos livros e cadernos e foi essa a grande razão das minhas conquistas e posso dizer que conquistei muito do que almejei, mas hoje compreendo que o adjetivo feliz é relativo, subjetivo e utópico. Quando imaginei o ser feliz, aí incluí como contexto família, o amar e ser amado e tenho de dizer que essa é talvez a aspiração mais realisticamente improvável de ser concretizada por uma simples razão; valores financeiros e assim capitalistas e de sobrevivência, são concretos e objetivos, enquanto os valores sentimentais, emocionais e racionais, constituintes da família  são abstratos e subjetivos. Desse modo, felicidade é um estado que pode ser alternado e  assim caracterizado por momentos agradáveis e de extrema realização emocional, logo posso dizer que sou feliz ou que pelas minhas conquistas vivo momentos felizes. Mas confesso que sofri, ou confesso que sofro. Primeiro porque família no sentido literal da palavra, jamais poderei constituir. A vida me reservou um modo diferente de existir. Se estou feliz não posso compartilhar tal felicidade como todo mundo, dividir com a família, com os amigos, pelo menos não com todos, e o mesmo acontece quando estou num momento de desânimo, como agora com o relacionamento que sonhei e com um problema que não esperava. Fechado no meu mundo só posso dizer: confesso que sofri.

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